sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Eclipse na terra dos ponteiros - Bruno Santana


A lua apareceu no meio da cortina.
Era delírio, alucinação, flashback ... Peguei no terço e rezei umas aves marias:
Vovó dizia pra fazer isso quando estivesse perto de ficar louco.
Mas ... Na verdade, era só a lua embotada em lágrimas.
Sabe ... a lua chora todas as noites. É triste e solitária. Chora pelos homens, pelo amor e pela vida, mas é louca;
chora de louca, é o que todos dizem.
É só um pedaço de muita coisa flutuando em torno de outro pedaço maior e bem pior. Mas é assim que as coisas são:
ponteiros desregulados, girando e confundindo; porque ponteiros são isso mesmo, são grandes filhos da puta.
Mas o ponteiro só gira porque a fórmula diz pra girar. Sem fórmula, nada giraria. Nada giraria e tudo estaria certo.
Fórmula é assim, faz girar mesmo e é melhor aprender o giro, que se não gira direito ou se não gosta de girar
vômita mesmo, vomita tudo que tem no estômago.
A lua fica nessa, girando e chorando. Chorando e girando. Gira e chora até alguém chorar por ela.
Mas quem chora por ela é mais louco que tudo. Porque é chorar por um pedaço de muita coisa junta.
É o mesmo que pegar areia na mão e chorar o estômago inteiro.

Lua, Lua, Luazinha,
O que ainda diriam de mim
o que diriam todos os homens de sobrecasa ...

eu que não choro
mas olho pra você e pego no giro da tristeza e não durmo nadinha?

O louco sou eu, mas também não ligo.
Nem vou ligar
Nem hoje, nem amanhã
Que Hoje e Amanhã são humanos
são mais das coisas loucas dos ponteiros
ponteiros invejosos invejando o sol
e esse sol
esse solzão
grande, bonachão e tudo mais
esse sim
esse é Amigo.

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