Mais uma vez aqui, estacionado nas mesmas condições medíocres de espírito, experiências de vida e felicidade, chego ao final de um livro. Não, ainda não o terminei, mas muito pouco resta a ser lido. Então o romance que este relata se encontra em seu clímax e é natural que a curiosidade me impulsione a ler mais; ler até que tudo se resolva, até a última página, a última frase, a última palavra que antecede o último ponto final- o único que de fato representa um fim.
Mas resisto a esse impulso, ou pelo menos tento resistir. Por que? Pois já passei por isso muitas e muitas vezes e sei que se começar a ler agora farei como já mencionado: não largarei o livro até que ele não tenha mais nada a me oferecer, e a fonte de felicidade que me supriu por esta semana estará escassa.
Por outro lado, sei, também por experiências anteriores, que acabarei alcançando aquele ponto final egoísta e maldoso em algum momento, por mais que eu o evite, e então me ocuparei em buscar outra leitura que abasteça minhas necessidades humanas de ser feliz, uma vez que (a já citada) pobreza de espírito e de experiências de vida me impede de encontrar felicidade menos superficial e incompleta. (Afinal, eu vivo na vida outros... será que isso faz sentido?)
Só há uma primeira leitura, que é superior a todas as outras quando se fala das emoções que ela provoca. E isso me preocupa. A magia de um livro nunca desaparece, ela pode ser resgatada a qualquer momento, mas mesmo que ela volte a me surpreender e a me emocionar, nunca o fará tão intensivamente quanto o fez sob o caráter imprevisível e independente da leitura- prima. Tenho tanto mais a lamentar, temer e refletir sobre o assunto... Todavia, não sei se já mencionei, mas um livro me aguarda, ou melhor, suplica para ser terminado. Logo ali, sobre a cama. E eu não posso deixá-lo esperando, não mais.
Ler é um vício e, anônimo, soube escrever exatamente o que sentimos ao ler.
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