terça-feira, 20 de julho de 2010

Aos olhos de Sartre- Nico Ascenção

Chego à estaca "zero"... parece que nesse espaço, que regem outras circuntâncias temporais, não consigo me mover dentre esses abismos decimais e centesimais que me separam do "um".
Pobre de mim, vivendo com um sabor amargo das experiências começadas e nunca concluídas, digo amargo porque sou ansioso e gostaria de ver o completo (o perfeito), poderia ser doce se eu analisasse com mais cuidado e percebesse que é neste salto arriscado e perigoso ao escuro do infinito que construímos uma vida.
Me descomprometi um pouco com o texto, para olhar o que havia do outro lado da janela, deixando que a luz esquálida de um dia nublado no Rio de Janeiro tocasse meu rosto. Lá na rua vi crianças batendo bola, mulheres conversando e um grupo de amigos boêmios sentados no bar bebendo, todos ingênuos esquecendo ou até mesmo sem saber que o tempo implacável age incessantemente sobre eles, pois o corpo como matéria perece! Tudo tem um fim se material for, para os vivos o fim tem um nome menos gentil... a morte.
Caindo nesse líquido viscoso que é o pensamento sobre o fim, me vi um pouco entristecido porque me apaixonei pela vida e pela oportunidade de agir que ela nos oferece. Mas logo sacudi meus pensamentos, remei para me apoiar nas bordas e me livrar desta natação indesejável e descobri uma solução lá no fundo que gostaria até de deixar como um conselho, que é atingir a imortalidade! Simples assim, continuando a se aventurar na tentativa de alcançar o Em-Si tendo a ciência de que nunca chegaremos lá!

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