quarta-feira, 7 de julho de 2010

o ateu e a tia- Rolando Vezzoni


Havia uma tia jogando água benta nas pessoas na tal da paróquia(já digo agora, não que houvesse nenhuma necessidade de ele ter feito isso, antes deveria ter tomado seu vinho quente pelo-menos, embora fosse de todo divertido fazê-lo)... água benta essa que respingou-se por todo o rosto dele (ironicamente não se incomodou de inicio) e no instante em que percebeu que essas gotas de água eram bentas pulou e gritou satiricamente “ai! Isso queima! Parem!”, o que por alguns segundos lhe pareceu uma brincadeira muito legal (e a mim também caro leitor), até aquele momento em que percebeu que os homens benzidos não eram de bem, e estavam se aproximando satãnicamente.
Isso pouco antes do agora ( nesse momento indefinido e irrelevante torna-se atemporal) que lembro daquela imagem de credulice que havia visto antes do episódio relatado.
Meio de tarde, ainda sol, e com um céu particularmente azul com poucas nuvens, sendo que estas poucas tem aspecto ‘’fofo’’, e enquanto aproveitava para olhar as coisas na rua, enquanto a descia vi uma empregada domestica que trabalha em uma das casas, uma senhora de mais de cinqüenta anos e com aspecto de todo jovial.
-bom dia!
-bom dia!- respondeu com um sorriso no rosto, este eu respondi com outro sorriso.- é um belo dia esse que deus nos deu, ‘’né‘’?(eu aprendi a escrever “Ele” e “Deus” num colégio presbiteriano que estudei, embora sempre tenha me incomodado a literatura e a gramática sofrerem esse incômodo unilateral, portanto vetei esse formato em meus textos)
Penso até agora nisso, passam ela e tantas outras pessoas o dia agradecendo a algo ou alguém que não se tem certa a existência... Sendo ainda essa incerteza muito improvável, e não só isso, controversa.
-É! - tentei ser simpático, não ofende-la com minha vida de “pecador” ,“descrente”, etc...- se houver algo mesmo...
-LÒGICO que tem...- disse apoiando o queixo nas mãos que se acomodaram na ponta do cabo da vassoura, Se não tivesse deus agente não existiria! Não ia ver as pessoas que gostamos novamente!
-ah, verdade, desculpa... - com um sorriso simpático no rosto.
Não, não mudou meu ponto de vista, se é isso que pensa, mas eu não iria discutir a crença otimista daquela mulher, não existe um porque nisso, que ela morra acreditando que virá algo, é melhor para ela. MESMO.
Mas nesse tal de agora entendi melhor aquela tia que queria trazer o ‘’bem’’ e ‘’deus’’ para as pessoas... Não acredito nele, mas agora entendo... Ter-lo é acreditar que não haverá o fim e tampouco a saudade. Eu consigo respeitar isso, esse é um “ópio” que deve ser bom para uma vida... Mas o barato passou muito cedo em mim, ainda somos todos humanos.

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