segunda-feira, 5 de julho de 2010

A Legal e o Otário- João N. Valente

Aparentava ser uma mocinha recatada. Ainda na faculdade, uma privada de alto estilo, usava aquele perfume Giovanna Baby. Mas o cheiro que gostava mesmo era aquele que parecia com água sanitária. Estudou a vida toda nos melhores colégios, comportando-se como uma donzela pudica, casta. Ninguém nunca desconfiara não só de seus desejos, mas nem de suas ações.

Desde o colégio, gostava de postar-se à frente, carregar o livro do professor, procurava tirar as maiores notas e estudava até tarde no colégio. Mesmo em épocas festivas, não arredava o pé da instituição de ensino, afinal, criada em condomínio fechado, não tinha muita chance, enquanto adolescente, de dar suas escapadas. Mas lá encontrava os meios de aplacar o pulsar de seus anéis umedecidos.

Certa feita, sozinha, pois era um dia de copa do mundo, estava ela lá, e apenas o rapaz da limpeza. Fingia, a jovem, estudar biologia, e o cidadão a limpar o pátio em frente à área de estudos. Ela, então, que naquele calor só poderia estar de saia, flertou com pobre coitado que, perdido, desconsiderava a possibilidade de se tratar para ele a doce benfazeja abertura ventral; mas a moçoila, que com o lápis na boca, desligada do mundo, apenas balouçava a perna direita, sabia construir seu caminho e fazer com que os carneirinhos caminhassem por ele. Ainda mais esses, que lhe pareciam ter membro jumental.

Enfim, esse jovem faxineiro, foi apenas um daqueles que passaram pelos seus desejos. Ela não poderia deixar, todavia, que entrevissem esse seu furor vaginal, de modo que logo arrumou um namoradinho, um tolo, sonhador, um daqueles babacas apaixonados por livros e sonhos. Assim ela poderia enrolá-lo facilmente. E assim o fez. Saiu com professores, professoras, assistentes, seguranças.

Aos dezessete anos entrou na faculdade. Manteve o relacionamento com o jovem otário. Afinal, não podia perder a pose! Sua origem, sua família, seu condomínio!! Não se importava com dinheiro. Até lhe ofereceram dinheiro e bens, mas ela queria era sexo. Ela não se importava por objetos, a não ser por aqueles que poderia introduzir no seu âmago.

Cada vez mais, o ímpeto sexual lhe domava. E, assim como antes, agia por impulso, sem pensar. Mas agora sua voracidade fazia com que trepasse com dois, três homens; com homens e mulheres juntos. Certa feita, para que desse tesão a um homem por quem quase se apaixonou – sim, ela não se apaixonava, só tinha ímpetos... – amou uma malacatifa (que não era peçonhenta).

Hoje, ela continua feliz. Prossegue no uso de seu otário. Este nunca descobriu, mas é feliz. Até hoje a ama. Só não entende por que ela não quer ter filhos. Trabalha oito horas num escritório e procura tratá-la com respeito, amor e afeto. Mas nunca, jamais!, tentou comer-lhe o cú.

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