terça-feira, 29 de junho de 2010

Fumaça- Lígia Fernandes

Caminhando sem rumo, tropeçando nos próprios pés. Tombando de um lado para o outro, sem conseguir encontrar seu ponto de equilíbrio, encontrou um poste e ali parou. A luz estava apagada. Um breu total...

As vontades e desejos da manhã resumidos em trapos. A vontade de viver já não é a mesma, aliás, pra que viver? No momento, a única esperança que tinha, a única luz visível, era o fogo do isqueiro que, de tempos em tempos, era apagado pelo vento. Nem isso era certo.

Deu um trago... A fumaça lhe encobria todo, era capaz até de sentir o cheiro da moça, o cheiro da roupa impregnada de cigarro. Sentiu-se abraçado... Não, ela não está aqui! Ficou louco...

Lembrou-se, então, como fora a despedida. Berros, tapas, cacos de vidro no chão. A porta bateu. Por isso estava ali caminhando sem rumo, tropeçando nos próprios pés.

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