quinta-feira, 17 de junho de 2010

Além da Janela- Lígia Fernandes

E quantas tardes não me pego olhando para a janela? Além da janela. A Natureza, o pôr-do-Sol.

Agora mesmo, estava lendo Maquiavel e em um certo momento de suspiro, me espreguicei. Ergui a cabeça e ela não baixou. Meus olhos vidraram em algo que não as letras do livro. O cérebro tampouco lembrava do texto. Encontrei o Sol, na verdade, o pôr-do-Sol.

Pensei em pegar a câmera. Impossível, minhas pernas não respondiam. Nada em mim se movia, nem meus olhos piscavam.

Por mais que o Sol se ponha todos os dias, é fato: o pôr-do-Sol nunca se repete. E esse é o motivo para minhas pernas não se moverem, nem meus olhos piscarem.

Há os que não têm graça, os que produzem um céu vermelhamente impossível. Aqueles que são apenas uma bola laranja no céu e outros que o pintam como uma tela de aquarela em tons alaranjados, tons fins-de-tarde. Mas cada um com sua peculiaridade, nos provocando as sensações e os desejos mais diferenciados.

Um comentário:

  1. Bacana, Ligia! No último parágrafo, embora você tenha falado do pôr-do-sol, tive a impressão de que falava de alguém, um "outro" qualquer que pode provocar isso na gente.

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