terça-feira, 4 de outubro de 2011

o homem abstrato, episódio 3- Rolando Vezzoni.

Prelúdio:

Nasce, toma um tapa e não chora, regurgita.
Tinha cabelos, unha e olhos abertos, era uma pequena aberração, lá descambou a existência, foi abraçado pela mãe, acolhido, seu pai sorria ao seu lado, era um bebê normal.
Bebê que pelos seis meses não demostrava emoção(que não choros por comida, claro).
-Doutor, meu filho tem algum problema?
-A bateria de exames mostrou ele normal, função cognitiva normal, pode ficar tranquila senhora.
Deixavam o bebê ao lado da televisão, papai assistia documentários pela metade, bebê, até o fim.
Mamãe sentiu algo errado quando leu nos bloquinhos do bebê, com seus um ano e tanto:
"N A D A"
Papai ouviu bebe com seus dois aninhos resmungar algo, chamou mamãe, que tinha orgulho e medo pelo
aparentemente super-dotado:
-Que foi que o meninão disse pru papai?
-é filhinho, foi mamãe?
Tudo que receberam foi "não", um não categórico, embaraçado e simples, uma simples negação, que muito provavelmente não fazia sentido algum para ele, apenas... "não".

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