terça-feira, 11 de outubro de 2011

Confissões Floydianas em um Mergulho Relapso- Luís Felipe Rasmuss

I - O Despertar dos Sentidos

Levanto-me. Onde estou? O que é este antro onde me localizo? Alguém está aí? Isolado, observo-me diante de algumas garrafas de Jack Daniel's. "Devo ter bebido um pouco demais", penso. Mas tudo aquilo aquilo? Seria o suficiente para um coma alcoólico. Chamo por alguém novamente, mas simplesmente não recebo nenhuma resposta. Decido abrir a velha porta, rangendo. Estou em um chalé em frente à uma praia. Paradisíaca, com o oceano negro margeando minha íris. Meu corpo sente a brisa confortável que abate-se naquele horário. Sete da manhã, talvez? Não sei, mas o sentimento
é de completo abandono. Observo calmamente a floresta de um panorama privilegiado, pois a mesma se encontrava atrás do chalé. Estou rodeado por selvageria. A floresta, verde, e o mar, negro. Eu, um mero mortal, estou encurralado. O que hei de fazer?
Amarula não é uma opção agora. Tenho que agir. Não posso me abster deste sentimento covarde, de enfraquecimento.
Estou sozinho em um ambiente hostil.
Eis que vejo uma gaivota. Ela está voando calmamente sobre um apanhado de rochas na extremidade praiana. De repente, ela voa em minha direção e para a alguns metros, a minha frente. O que devo fazer? A gaivota fala. Será o Jack Daniel's? Não é uma língua qualquer. Não reconheço a mesma, mas com certeza não era minha língua nativa. Entretanto, eu a entendo perfeitamente. É incrível como se nos esforçarmos um pouco podemos entender algo que não está em nosso domínio.

II - O despertar das Reflexões

Um mergulho para salvar o dia. Terei que enfrentar o rígido oceano em algum momento. Brandemos a marcha colossal ao épico conjunto de moléculas de ponte de hidrogênio. O equipamento está de pé. Só quero um momento de reflexão. Retiro o ar do colete regulador. Meu corpo lentamente é adentrado pela água salina. O barulho ensurdecedor ampliado pela condução sonora em água me deixa alucinado.
Aquele ar não é comum! Sinto-me extasiado!
Em minutos, atinjo o ponto mais fundo daquele macabro oceano, que se parece lívido agora. A zona eufótica é um convite a observar as bolhas subindo. Observo-as.
Como é incrível ser uma bolha de ar. Em um singelo movimento humano, elas são dispersas e fazem seu caminho rumo ao infinito, à atmosfera. Sua vida útil nunca se encerra, mas seu movimento é percebido por tão pouco tempo... Oh...
Um som percorre minha mente. Psicodelia marítima. Não, não estou louco. Talvez seja o meu sincero pensamento sob efeito de uísque. A vida é tão simples. Perdi algumas horas sagradas observando o mar. Poderia ter desbravado-o antes. Observar a natureza.
Meus movimentos estão entorpecidos. Talvez o ar tenha sido dotado de uma poção mágica. Mas o racional para mim, neste momento, é um mero coadjuvante. O meu racional está em observar as pequenas estruturas atômicas subirem água acima sob a pressão diminuta da atmosfera.

III - O descansar dos Pensamentos

De volta à atmosfera terrestre, já é noite. O dia passou rápido. Mas será mesmo o dia? O que é um dia, afinal? Uma definição estranha. Ninguém pode medir o tempo corretamente. Exceto as bolhas. Elas sim têm o dom da ascensão ao infinito.

4 comentários:

  1. MUITOOOOOOOO BOMMMMMMMM AO INFINITO.


    Beijos luis parabéns.

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  2. Incrível como pessoas em nossa sociedade, quando se deparam com uma linguagem oblíqua e de contra pontos, reagem de maneira tal que gozam de intelectualidade baseada em elogios sem entender do que se trata.
    Exemplo maior disto é este texto.

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  3. http://www.youtube.com/watch?v=_952wDHezbI

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