terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A ultima carta do náufrago- Rolando Vezzoni


Favores dados, nem sequer pedidos, demandam retorno?
Dá-se algo para se conseguir alguma coisa apenas?
Capitã da vida feita com infantilidade senil,
da independência simulada e frágil que quer mostrar.
Ora, de onde vem tamanho turbilhão de inconsistência e agressividade juvenil?
Tem-se claro o mostrar absoluto do poder desacreditado e enfermo,
da moral tão absoluta, nascida para ser quebrada e sofrida.
Junto dessa moralidade sofrível chora a fraqueza do ato da ameaça pura e falsa,
uma demanda boçal de algo que não se sabe, e a incapacidade do desculpar-se.
Procurar, por errados meios, traz sequelas e cicatrizes exponenciais e irreversíveis aos próximos, sabe?
Acalme-se, os quarenta são novos trinta... Tripulantes! cuidado com o ventre da mulher balzaquiana,
pois nesse ventre quase fálico, reside a insegurança dos novos tempos.
Tão forte, tão fraca, quer ser pai, mãe, tio, tia, professora, avô e avó, mas jamais uma amiga jovial.
Em minha eterna contemplação (pretensamente silenciosa) e displicência carrego armas antigas.
Já conheço as operações de Apolo, que levam um dia para trazer outro enquanto o mundo mantêm o ciclo: As flores caem e as saudades vão diminuindo.
A despeito de apelos apolíneos, a atitude arbitrária de suas lamúrias progride feroz, visceral.
Flutuo entre buracos, peregrino meios desconexos, sou um náufrago cansado.
Aqui mais um adeus momentâneo, na iminência da próxima calmaria pré-tempestade, e mais uma mensagem na garrafa fica á deriva...
Fique com a cautela se a encontrar flutuando, pois um homem não ameaça em vão, sei que quando enfim houver partido, realmente o terei feito...
Nômades tem poucas garrafas, é a última carta do náufrago da ilha cerebral, contemplando a maré estúpida.

Um comentário:

  1. As vezes o naufrago chega maior que a ilha e que a imperatriz e assume o comando de sua nau, pois é seu comandante por direito, e ao longe vê naufragar a ilha.

    ResponderExcluir