terça-feira, 20 de setembro de 2011

Numa noite sem estrelas, dance com insetos- Rolando Vezzoni

Estava sozinho em casa lendo,
liguei a televisão e coloquei no canal de música, jazz clássico, e deixei rolar.
Respirei fundo e aumentei bastante o volume, tocava uma música sem vocal, só som, levantei e fui até a porta, acendi um cigarro, a musica prosseguia com alto e bom som, suave, leve.
Respirei fundo, e fiquei sem pensar, meus pensamentos haviam sublimado com a música, me deixando bastante confortável, o bastante para sentar no chão e olhar para cima, era uma noite comum de São Paulo, seca e relativamente fria, com um céu chumbo bem escuro, imperativo.
Comecei a estalar meus dedos junto com a música, fazia tempo que não aproveitava uma musica tanto assim, balancei minha cabeça devagar e deslisei meus olhos para o alto á esquerda, onde havia um poste de luz o qual lembrava aqueles antigos á óleo, mas a luz que vinha de lá era branca, prateada como a lua que se escondia atrás da poluição metropolitana, ao redor havia uma infinidade de insetos que iluminados por essa luz pálida me lembravam estrelas, mas ao invés de paradas, divagavam desordenadamente, em ritmos diferentes como os da musica que ouvia(seria dodecafônica?).
Aquele retrato me cativou de forma que fiquei uma centena de anos olhando, não pensei em nada além daquele balé de insetos embalados pelo jazz clássico.
Quando a cidade anoitece sem silêncio, coloque um "sax" por cima, quando sem lua, acenda um poste de luz branca e branda, e acima de tudo, numa cidade sem estrelas, dance com os insetos.

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