quinta-feira, 13 de maio de 2010

negras nuvens- Tomás Fernandes

Negras nuvens
cabem num céu anil.
Margens caladas;
becos e estradas,
Prédios e semáforos:
Ainda toca uma canção.

(No umbigo do mundo
Um véu de fundo
Esconde o palco
Pulemos essa parte...)

Caro amigo, desconhecido:
Ontem e depois, nunca hoje.
Um gigante faminto
Procura os labirintos
De uma moça sem rosto
E tudo à nossa volta cai
Sem percebermos o fim.

Mais um túnel,
Apenas,
Mais um túnel:
Era carnaval, pelo menos
Era carnaval ainda.

Se nada nos envolve agora
É nosso hades pós-moderno,
Esculpido à imagem e
Semelhança de um anjo
Cruzado vermelho.
Se assim o for sinto muito.

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