domingo, 12 de dezembro de 2010

A sina dos poetas- Rolando Vezzoni

“Queria ser burro, assim não sofria tanto” Raul Seixas.
Lá na época de Sebastião, um dos grandes símbolos de liderança medíocre e de estupidez.
No enterro de Camões, um dos seres mais humanos jamais vistos, Pessoa, que estava passeando pela história, olha chateado para o poeta caolho jazido no caixão agora exposto como frango de padaria para os futuros intelectuais e outros animais, quando Quiroga afirma sarcástico:
-Atacam quem reclama do desconcerto do mundo, mas aquele de olhar atento, deve ficar no mínimo desconcertado, com os supostos homens que neste planeta apodrecem...
-Me desculpe, mas você está muito certo...- respondeu Pessoa dando uma talagada na garrafinha de absinto que escondia em seu paletó.
Horácio Quiroga voltou para seu século, já estava chegando o dia de seu suicídio, e não poderia chegar atrasado, quanto ao Pessoa, já não importava, pois havia mais uma centena de nomes, para procurarem enquanto estivesse ausente, então resolveu ir para um boteco da esquina tomar um hidromel, para acalmar-lhe o cérebro.
Chegando lá encontrou um sujeito maltrapilho que ''peidava poesia por cada furo de seu corpo'', dormindo na mesa do fundo com um galão de vinho barato em sua mesa.
-Olá, posso tomar um trago dessa garrafa? A propósito, muito prazer, meu nome é Fernando Pessoa!
-Você parece menos babaca que os outros filhos da puta que estão aqui, pode tomar, meu nome é Bukowski, Charles Bukowski... Você não é aquele gênio que escrevia uns troços e bebia demais?
-Achei que esse era você.
-Somos todos nós, “(...)escrever é como uma doença, uma droga, uma forte compulsão, mas não me agrada pensar em mim como escritor. (...)Talvez escrever seja apenas uma forma de lamento, alguns simplesmente se lamentam melhor que os outros.”*
-Nosso problema é simplesmente que somos humanos demais, pensamos demais, e sentimos demais, por isso nos matamos, enchemos a cara, e nos marginalizamos... As pessoas são estúpidas e torturam os homens com sua estupidez, não somos assim, por isso sofremos.
-E vale a pena?
-”tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário