Sem que a luz atrapalhe, escrevo.
Linhas do que vi, não vi
Vivi e senti,
Mas, é claro, isto não é poesia.
Sem que o caos da cidade perturbe
Mergulho na penumbra de homem só
Orgulhoso, inteligente e sisudo
Mas, é claro, isto não é atributo de poeta.
Sem que as vozes de outrem falem
A minha canta e grita
Orações, canções e hinos
Mas, é claro, isto não é uma melodia.
Sem que o dinheiro me acanhe
ou excite
Penso no que deve ser pensado
Mas, é claro, isto não é assunto.
É claro, fica claro, sempre foi claro
No escuro, sem a fluorescência
Me entorpeço de ideias sólidas
Abraçando a realidade fluida.
Nela, descubro que os melhores poemas
não foram escritos
As cores mais bonitas
são oculares
A melhor canção
Não vem do coração.
A mais rica melodia
emana dos elétrons
cátions e ânions
substâncias, orgânicas ou não.
Não, não é ciência
Não é poesia
Não é arte
É o clamor solitário,
de outra alma perdida.
o poeta não é nada, e sim a oposição ao tudo, mando bem brunão!
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