sábado, 30 de janeiro de 2010

O cão- Rolando Vezzoni

Já havia algum tempo que ele tentava dormir, estava encontrando certa dificuldade de engrenar em seu sonho.
Seu respectivo cão estava andando lentamente pelo quarto.
Subitamente, pulou na cama, e deitou no pé do dele.
-hei! Vaza daí animal!- e o empurrou delicadamente para fora da cama.
O cão, de maneira quase que sarcástica, voltou à cama, independente da vontade do dono. Este deu um empurrão, pouco eficiente, com o peito do pé. O cão olhou-o com sono, e bocejou.
-sai da cama, - já com uma ponta de irritação.-você é grande demais!
Novamente, foi para o chão.
Ele deu uma risadinha, e olhou com escárnio para o animal. O animal não pareceu ligar muito, e voltou ao pé da cama antes mesmo do dono poder desfrutar da vitória.
-não pode! Feio!- estava com o orgulho ferido, por ter sido passado para traz.
A única resposta do animal foi um olhar débil.
-me deixe dormir!- arremessou o cão.
Passaram alguns minutos, já estava sentindo que encontraria morfeu. Mas na verdade abriu os olhos com susto, pois ele apenas encontrou um focinho molhado próximo de sua face.
Deu uma patada no animal, fazendo-o parar longe.
O cão, assustado, ficou no tapete, do outro lado do quarto, e logo dormiu.
O dono sentiu-se mal por sua agressividade, por seu desdém, e resolveu chamar seu cão.
Mas, o animal, não lhe respondeu o chamado, estava agora confortável, e dormindo, não precisava mais da cama de seu dono.
Chamou, chamou, chamou. Nada.
Ele não conseguia dormir, estava cansado demais, pesado demais, e sozinho.
Nada faria o cão voltar para sua cama.

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